quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Os primeiros dias em casa

Os primeiros dias em casa são ótimos, e estranhos..
São ótimos porque a gente não aguenta mais ver a parede do hospital, comer a comida do hospital, sentir o cheiro do hospital...
Então é prazeiroso sentir o cheiro dos seus lençóis, deitar na sua cama..
É bom ver as pessoas da família, aqueles rostos conhecidos trazem acalanto, mesmo sem saber o que fazer com eles.. porque a gente se sente atrapalhada toda cheia de pontos e cheia de dor, e de alegria por ter um bebê e poder compartilhar a alegria com todos..
Caio passou bem, aliás ele passou muito bem os primeiros 15 dias, a vida foi só dormir e mamar..
Eu já não passei tão bem assim, tive dores terríveis (talvés pela minha teimosia em levantar os braços e odiar ficar de repouso) fiquei impaciente por ter que repousar, fiquei sensível a tudo, com os nervos a flor da pele, tive febre do leite...  e ainda intermediei um desfortável desentendimento famíliar que me dava vontade de sair correndo mundo a fora sem olhar pra trás.
Minha família não vinha mais me visitar, minhas primas, minha mãe... ninguém.
João Paulo passava a maior parte do tempo no computador, como eu não podia descer o degrau da porta e fazia muito calor, ficava sentada numa cadeira na sala, em frente a porta, e Caio no meu colo.
Me fechei num mundo em que tinha conforto olhando meu filho, trocando, dando banho, fazendo carinho, cheirando, fotografando... a minha vida era isso.
Eu só queria me recuperar, o mais depressa possível... queria poder passear de carrinho com o Caio, queria ir até a esquina, até a rua da frente, até a praça, até a casa da minha mãe... queria desaparecer daquela cadeira, daquelas paredes...
Comecei a sentir raiva dos pontos, de não poder me locomover direito, me esticar, de não poder dormir na posição que eu gostava... chorava a noite.. já não podia me olhar no espelho de tanta irritação.

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