sábado, 1 de setembro de 2012

Estranhezas...

Enquanto minha mãe e eu não estávamos conversando, eu telefonava praticamente todos os dias para o meu irmão, eu nunca vivi longe do meu irmão, não sabia o que era isso desde que ele nasceu..
Foi muito novo, muito estranho e muito doloroso.. além de toda a situação no qual eu já estava vivendo.
Minha cabeça rodava.. eu dormia de cansaço, não tinha hora.. dormia quando o corpo não aguentava mais.
Eu sempre fui boa em não transparescer as coisas, mas dessa vez não dava.. era visível o quanto eu estava abalada por tudo.
Vamos somar comigo:
Situação nova: eu grávida - era preciso aprender a lidar com isso depressa, porque em 3 meses o bebe estaria chegando.
Morar num lugar novo - eu também precisava aprender a lidar com isso.. se adaptar a ausência das pessoas da família, e eu nunca tinha morado fora da minha casa, só com a minha avó, mas casa de avó como era a minha, SEMPRE é mais do a nossa própria casa.
Conviver com pessoas novas - mais alguma coisa para colocar no caderninho de aprender a lidar com isso.. cada família tem seus hábitos, e só pra começar a minha confusão mental, eu não tinha o hábito de conviver com a figura paterna desde os meus 13 anos.. (ou antes.. sei lá)
Ter um marido - estava sendo muito legal.. mas eu também precisava aprender como era isso..
Ter uma irmã - minha cunhada acabou virando uma irmã menor.. eu tinha a convivencia diária com ela, eu ajudava a cuidar dela, eu olhava por ela, e.. eu nunca tinha tido uma irmã!! Resultado: aprender a lidar com isso.
Será que era muita coisa pra minha cabeça?
Acho que se eu tivesse "só" me casado e tido o bebê já seria situação nova o bastante né? rsrs
Minha sogra estava preocupada comigo, era visível também o quanto a 'nova situação' (que afinal era nova pra todos) estava abalando ela também.
Eu tentava, tentava com todas as minhas forças passar os dias bem, fazer parecer natural toda a estranheza que eu estava sentido, até mesmo em abrir a geladeira..
Eu reunia forças pra me alimentar, tudo era feito de enorme boa vontade pra mim, mas eu simplesmente não tinha fome... parecia que a fome tinha deixado de habitar meu corpo.
Hoje, olhando para trás, consigo ver o enorme esforço que certamente eles fizeram para essas mudanças sairem da forma mais natural possível, eu reconheço o esforço, eu vou ser eternamente grata por tudo o que fizeram, eles não tinham a obrigação afinal..
Eu sempre fui independente demais, sempre foi de mim ter minhas coisas, ser dona do meu nariz, e acho que por isso eu nunca devo ter adaptado..eu me acostumei a saber que ali era meu novo habitat, mas eu ainda chamava a casa da minha mãe de 'minha casa'.
Acho que minha cabeça não queria colaborar comigo, talvéz porque algumas situações diárias eram impossíveis de se passar naturalmente, eu me sentia tirando a liberdade deles, na casa da gente, o dia que da na telha, a gente sai de peça íntima de um cômodo pra apanhar uma roupa que está em outro, pra beber água.. eu nunca perguntei se eles tinham esse costume, mas eu me sentia como se eles tivessem e por minha causa não faziam mais.
Sair do banho era estranho, eu não ficava a vontade de sair de toalha..
Acho que essas eram as piores de todas..

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