segunda-feira, 1 de abril de 2013

Algo de mim.. bem cru e sem maquiagem.

Comecei a vida sendo filha..
filha perfeita, inteligente, que ia bem na escola, que se destaca em tudo o que faz..
Entrei na adolescência, tive minhas dificuldades, meus medos e traumas, e as vezes algumas até maiores do que as outras pessoas..
Gostei de pessoas que não gostavam de mim, dei importância a quem só me ignorava, acreditei em quem mentia pra mim, fui feita de boba, chorei..
Tive bons amigos, carreguei alguns comigo, outros se afastaram..
Passei pela separação dos meus pais, fiquei confusa, fui mal na escola, tive amigos ruins, achei que era esperta e nem era tanto..
Tive amigos que usavam drogas, bebiam, era gays, gostavam de pagode, de rock ou de procurar assombração.
Deixei de ser acreditada, deixei de dar esperança, pintei meu cabelo de verde, azul, roxo, rosa, vermelho, preto, coloquei piercings, fiz tatuagem, andei de skate, bicicleta, patins, patinete, de moto e de camelo.
Usei calças rasgadas, muita roupa preta, maquiagem..
Depois usei roupas bonitas, fui bonita, coloquei salto, fiz carão.. e aos 17 anos usei shorts pra sair pela primeira vez na minha vida.. enfim já não me achava mais tão feia..
Fiz dança, fiz musculação, fiz esportes, fiz luta..
Descobri que estava doente..
Fiz exames, ultra-som, radiografia, escutei vários médicos, joguei os exames no lixo, desacreditei e continuei vivendo.
Chorei...muito e sozinha.
Fiquei mais de um ano sem conversar com meu pai e tendo um relacionamento péssimo com a minha mãe, me sentindo o último ser humano e tentando entender porque tinha que ser assim.. afinal, eu era querida por eles quando era pequena, eu era a preferida!!! Porque????
Fiz cursos, estudei muito, estudei uma coisa atrás da outra pra me ocupar e me fazer esquecer de tudo o que eu não conseguia.
Me formei em computação, espanhol, telefonista, recepcionista, direito do trabalho, segurança do trabalho, fiz faculdade de turismo e fiz um filho sem planejar.
Desisti da faculdade faltando dois meses pra me formar, desisti de entender os meus problemas porque agora eu estava muito ocupada sendo julgada pelas pessoas..
Sendo taxada de burra, idiota, ouvindo que enfiei minha vida no nariz, que eu era uma estúpida, que eu não deveria me casar.. o que eu ia fazer da minha vida agora?
Recebi milhares de olhares de desaprovação, pessoas me apontavam nas ruas, cochichavam olhando pra mim, ouvi comentários que eu deveria fazer um aborto, que eu não servia para ser mãe, recebi desconfiança e falta de crédito quando eu deveria ter apoio.
Trabalhei muito num emprego que eu odiava, aguentei até o dia final da minha licença maternidade.
Fui colocada pra fazer cobrança de moto embaixo de chuva e sol com uma barriga enorme..
Nunca pensei em desistir..

Então sai da casa da minha mãe, me casei com o pai do meu filho que era o único acalanto que eu tinha no meio do furacão, vivi na casa dos meus sogros por um ano, passei por diferenças de pensamento, de criação, de compatibilidade, de liberdade..
Abri mão da minha vaidade e tudo o que eu tinha falado a vida inteira que nunca faria.. fiz o caminho contrário..

Chorei, senti saudade da minha cama, senti falta de conversar os assuntos da minha casa, senti vontade de morrer algumas vezes.. pensando bem, foram muitas vezes, mas sempre tinha o colo do meu marido pra me dar alento quando eu mais estava desesperada. Ele foi o único no mundo inteiro.
O que eu sabia e tinha certeza, é que eu amava aquela vida que eu carregava dentro de mim, e amava meu marido... era só isso que eu sabia.
Eu não tinha condições de comprar o básico que meu bebê precisava, eu não tinha um trabalho bom, eu não tinha condições psicológicas, eu não tinha noção do que estava acontecendo comigo.

Tentei me situar
tentei me acalmar
tentei me preparar

Meu filho nasceu!!!

As coisas foram ganhadas, emprestadas, ajeitadas.. como deu.
Eu não tinha casa, eu não tinha emprego, eu não tinha condições...
O que eu tinha era um filho pra criar, e um marido!

Eu confiei, eu confiei piamente em Deus e no meu desejo de conseguir mudar.

Oito meses depois meu marido conseguiu emprego em outra cidade, e se mudou pra São Carlos.
Eu fiquei com meu filho na casa dos meus sogros.
Eu fiquei sozinha com meu filho...
Outra família, outros costumes..
Depois das 18h eu não tinha com quem conversar, eu não tinha ninguém pra me ajudar, eu ia tomar banho de madrugada porque eu estava só com meu filho, e quando ele dormia é que eu conseguia fazer isso.
Eu levava meu filho no banheiro quando queria fazer xixi..
Eu emagreci muito e chorava todos os dias.

Em janeiro me mudei pra São Carlos, comecei a trabalhar no mesmo lugar que meu marido estava trabalhando, e morei de favor na casa de uns amigos.
A mãe dessa amiga vivia mais na casa que eu morava do que na casa dela e por ironia do destino resolveu nos tratar muito, muito mal..
Levei uma vida difícil, acordava de madrugada com meu filho e meu marido pra pegar ônibus, pra deixar ele na escolinha, e ir trabalhar.
Meu trabalho era ridículo, a dona do estabelecimento uma ignorante, e eu ganhava muito mal, mas precisava trabalhar.
A escola do meu filho começou a me dar problemas depois de um mês, tirei meu filho da escola, e tive que mandá-lo pra ficar com a minha sogra, fiquei longe do meu filho uma semana inteira..
Chorei muito, chorei desesperadamente, emagreci mais.

Consegui escola pro meu filho e pude vê-lo na noite do dia 31/01.. seu primeiro aniversário.
Nenhum bolo, nenhum presente, nenhum parabéns.

Depois de dois meses conseguimos alugar uma casa de fundos..
Não tínhamos móveis, nem dinheiro..
Entramos numa dívida que não tinha outro jeito, um carro.
Parcelamos algumas coisas básicas pra começar a viver, geladeira, fogão, microondas e cama.
Compramos um sofá usado, e emprestamos algumas prateleiras pra servir de guarda-roupas.
Começava uma nova fase!
Na nova casa tive problemas com os vizinhos, com infiltração e todo mundo vivia doente.
Fim de ano, esperança de melhoras, férias na cidade com a família..
Planejamos fazer uma pequena comemoração no segundo aniversário do nosso filho.
Nosso cartão do banco é clonado e todo o nosso dinheiro se vai..
O que estava certo fica incerto e começamos o ano cheios de Dívidas!
Desde o ano passado que estou desempregada e só meu marido trabalha.

Chega novamente o dia 31/01..
Consegui fazer um pequeno bolo pro meu filho, e chamamos 4 amigos para cantar parabéns.
Nenhuma criança.

Vencimento do contrato de aluguel, a casa está com uma infiltração terrível e precisamos nos mudar.
Depois de um ano conseguimos mudar pra um lugar melhor..
Ainda temos dívidas e eu ainda estou desempregada.
Tive que tirar o Caio da escola, que novamente deu problemas e deixou a desejar nos cuidados com criança.
Descobri que sou feliz!


Moral da história:
- nunca desista de confiar em Deus, o caminho é longo, mas as vitórias vem aos poucos, a dois anos atrás nós não tínhamos NADA. Tínhamos nosso filho e a responsabilidade de conseguir meios de criá-lo.
- descobri no meu marido o maior e melhor companheiro que pode existir pra todas as situações e todas as horas.
- conquistamos poucas coisas, mas as pequenas conquistas que conseguimos, reconhecemos, agradecemos e amamos.
- viva um dia de cada vez.
- tenha quem amar e ser seu porto seguro.




Meus maiores presente e honra são ter vocês ao meu lado a cada dia...
AMOR MAIOR NÃO EXISTE!!



Obrigada por tudo! Por cada minuto!


...


As vezes eu penso em desistir de escrever.. serião...